Swingers - Curtindo a Noite (1996)

Written by Filipe Manuel Neto on April 9, 2024

Um filme sobre personagens e diálogos, feito por homens e para (alguns) homens.

Ver filmes de carácter dialogado, por vezes, permite-nos encontrar alguns trabalhos muito bons ao nível da construção dos diálogos e do desenvolvimento das personagens. Nestes filmes, estes elementos transformam-se no sumo que justifica a sua existência. E podemos pensar em vários exemplos, como no caso de “Antes do Amanhecer”. Este filme também não é mau, mas aponta a um nicho de público onde não me encontro: homens solteiros, algo amargos e insatisfeitos, misóginos e mulherengos. Solteiro sou, e sinto-me pacificamente satisfeito, sem laivos de misoginia e nunca fechando as portas ao amor, mas também sem qualquer desespero. E de facto, não ponho os pés num bar desde os tempos de faculdade. Como se vê, não sou o tipo de homem que se poderia identificar com estas personagens.

De facto, a trama gira em torno de três amigos, aspirantes a actores, que procuram singrar na desafiadora Los Angeles. Um deles está deprimido devido ao término de um namoro de longa duração e os outros dois amigos decidem levá-lo aos bares, para beber e namoriscar o mais possível. De copo em copo, de namorico em namorico, de conversa em conversa, as várias personagens revelam um pouco sobre si mesmas e a maneira como vêm o mundo. Não é um filme narrativo, não tem uma história muito sólida, mas tem boas personagens e uma excelente colecção de diálogos.

Dirigido por Doug Liman, o filme tem uma cinematografia, cenários e figurinos simples, mas eficazes e credíveis. Sendo um filme independente, um pouco à margem dos estúdios multimilionários, a produção teve vários problemas de orçamento que forçaram escolhas práticas e funcionais. Isso talvez tenha sido positivo, permitindo maior verosimilhança e a escolha de locais e situações mais realistas. Sendo um filme tão focado na mentalidade masculina, e num mundo de bares e mulheres, é provável que o público feminino prefira ver qualquer outra coisa.

O roteirista e actor John Favreau assegura a personagem principal, coadjuvado por dois amigos de longa data, Vince Vaughn e Ron Livingstone. Cada um deles faz um bom trabalho e explora muito bem a sua personagem, imprimindo muito de si mesmo, o que torna estas personagens em “alter egos” dos actores que as interpretam. Isto é incomum no cinema, mas não inaudito. O filme conta ainda com a participação de outros actores e amigos dos envolvidos, em personagens menores e menos bem trabalhadas.