Distrito 9 (2009)

Scritto da Filipe Manuel Neto il 22 ottobre, 2023

Para um filme de baixo orçamento, é um bom esforço.

Não sou um grande fã de filmes sobre alienígenas, portanto o filme não será de todo a minha “praia”. Porém, isso não me impediu de o ver, e de apreciar aquilo que ele tem de bom. Sem um orçamento colossal ou um estúdio poderoso, o director Neil Blomkamp dá-nos um filme inteligente e tecnicamente impactante.

De facto, é nos detalhes mais técnicos que eu me senti impressionado pelo filme: temos uma extraordinária cinematografia, com uma luz e cores magníficas. Os efeitos e o CGI utilizados são muito bons e provam que não é preciso ter um saco infindável de dinheiro para se obter um bom resultado. A nave é suficientemente estranha e os alienígenas são suficientemente credíveis, com um aspecto bizarro, mas elaborado e bem conseguido, e a forma como eles falam é, ao mesmo tempo, expressiva e enigmática. Boa parte do filme foi filmado numa favela sul-africana verdadeira, e custa ver que seres humanos ainda se encontram a viver em semelhante ambiente.

O director apostou em actores pouco conhecidos e isso dá alguma credibilidade a mais ao rol de personagens que foram criadas aqui. Sharlto Copley é, talvez, o mais fácil de se reconhecer, posto que trabalhou nalgumas produções de maior circulação. Aqui, ele é capaz de, pelo menos, dar-nos uma interpretação digna e sem grandes falhas… a única e colossal falha não é culpa do actor, mas do roteiro, que deu à personagem dele um nome muito propenso a piadas e a trocadilhos na minha língua materna (penso que os falantes de Francês e até de Castelhano também irão entender): Wicus van de Merwe.

O grande problema do filme é a fraqueza do roteiro. Parece-me que o filme tentou uma espécie de crítica social colocando, em lugar de pessoas humanas, alienígenas estranhos naquela favela imunda. Será o filme uma crítica afiada à forma como discriminamos e segregamos aqueles que consideramos inferiores ou diferentes de nós? Se assim for, até entendo, mas talvez tenha sido dos poucos a entender. É a única explicação para a forma como o filme começa: em vez de levarmos os alienígenas doentes para um laboratório e passarmos décadas a estudá-los a fundo, vamos colocá-los numa favela imunda? Não faz sentido algum para mim.