Pink Floyd: The Wall (1982)

Written by Filipe Manuel Neto on October 15, 2023

A música dos Pink Floyd funciona sozinha. Como filme, é uma perda de tempo.

Não sei se os Pink Floyd tinham consciência do impacto que o álbum “The Wall” teria no momento em que eles o lançaram. Hoje, há certo consenso em considerá-lo um dos melhores álbuns de rock de todos os tempos e “Another Brick in the Wall” tornou-se num hino para a rebeldia adolescente, que não se conforma com as regras, ditames e convenções que lhe são veiculadas, seja pelo sistema de ensino, seja pelas famílias. E eu sinto-me livre para dizer tudo isto porque o rock não é, nem de perto, um dos estilos de música da minha preferência pessoal. Ouço, casualmente, mas não pagaria um bilhete.

O que este filme faz, essencialmente, é pegar no conceito do álbum – que foi pensado e lançado como se fosse uma espécie de ópera rock – e dar-lhe um visual a condizer num estilo absolutamente onírico, alucinado. Não há um enredo a não ser aquele que se passa na cabeça do protagonista, o vocalista rock Pink, que parece viver uma depressão muito profunda à medida que aumenta o seu isolamento social e afectivo, causado por um pai omisso (morreu na guerra quando ele era criança), uma mãe super-protectora, uma série de professores abusivos e um divórcio recente.

Ver o filme é como ver um pesadelo musical. Não é um filme optimista e não é fácil de ver, até porque o enredo não é muito óbvio e não há explicações. Há várias cenas impactantes, pelo que não sei se é o filme mais indicado para públicos impressionáveis. Há muitas fantasias sobre a guerra, sobre o poder e o uso do poder para controlar outros. Também há algumas boas cenas animadas, se bem que tão perturbadoras quanto todas as outras. Porém, o filme é só isto… e a música dos Pink Floyd. O filme vai certamente agradar aos fãs da banda, e aos apreciadores de rock em geral, mas os restantes públicos podem pensar que não justifica o seu tempo.