Highlander 3: O Feiticeiro (1994)

Verfasst von Filipe Manuel Neto am 18. Oktober 2022

Um pedido de desculpas aos fãs do primeiro filme, que, todavia, não convence muito.

Por vezes, até o mais inocente e ingénuo apreciador de filmes consegue perceber que um filme vai ser um enorme fracasso. Isso deve ter acontecido com “Highlander II”, posto que é quase de certeza uma das piores sequelas já realizadas. Ao decidirem fazer este filme, os produtores e o director Andrew Morahan tinham consciência disso, e corrigiram-se ao decidirem fingir que esse filme nunca existiu, regressando ao filme original e partindo dessa base. O resultado não foi um sucesso, mas pelo menos também não foi um insulto.

O roteiro deste filme mostra-nos o que aconteceu após Connor MacLeod deixar a Escócia, ainda ferido pela morte da sua primeira esposa. Ele vai ao Japão, onde procura um sábio feiticeiro de nome Nakano. Acontece que havia outro guerreiro imortal interessado em contrar Nakano, para o matar e absorver a sua magia e poder: Kane. A luta termina na morte do feiticeiro. Nos dias de hoje, a caverna dele é descoberta, com ossadas e vestígios que apontam para a presença do escocês, intrigando os arqueólogos e historiadores, enquanto Connor, agora um respeitável antiquário, se prepara para o combate definitivo com Kane.

Tudo bem, o roteiro é realmente uma confusão e admite possibilidades muito idiotas para os olhos de qualquer um que entenda e estude História. Todavia, é um roteiro muito mais decente e muito mais de acordo com o filme original, o que se pode dizer ser um ponto positivo. Não obstante, não traz nada de realmente novo ou fresco, com excepção de algumas cenas ambientadas no período barroco e na França Revolucionária. Até mesmo o vilão é, no fundo, uma releitura do vilão do primeiro filme.

O elenco faz o que pode, mas só mesmo Christopher Lambert é que merece levar a palma por um trabalho satisfatório. Há imensas situações cliché ou onde ficamos com a sensação de que as personagens não agem com inteligência. Mako tenta ser bastante genuíno e dá à sua personagem uma certa autenticidade, o que foi positivo, mas tudo o resto é esquecível. Mario Van Peebles parece apostar tudo o que pode no seu registo vocal, o mais rouco e cavernoso que conseguiu obter, e Deborah Unger limita-se a ser a carinha bonita da vez.

Tecnicamente, o filme procurou, também, recriar o visual do primeiro filme. Há alguns pontos a destacar, nomeadamente o bom trabalho da cinematografia e da equipa de efeitos visuais e de som, que conseguem dar ao filme um pouco da espectacularidade dos efeitos do primeiro, sem o frescor e a autenticidade. Também gostei, no geral, das cenas de época. Não sendo brilhantes, foram uma adição bem-vinda que nos mostra um pouco do passado da personagem principal. A banda sonora volta a apostar num rock pesado, mas é geralmente esquecível.