A Taberna de Nova Orleães (1951)

Written by Filipe Manuel Neto on September 7, 2022

Medíocre.

Este é mais um dos filmes que Errol Flynn fez durante os anos 50, uma década que corresponde ao declínio físico e artístico do actor. Cada vez mais posto de parte pelos estúdios americanos, fixou-se na Europa. Este filme foi filmado em França, e resulta de uma parceria entre Flynn e o director William Marshall, sendo que boa parte do roteiro foi escrita pelo próprio Flynn.

A história é um drama romântico ambientado em Nova Orleães, durante os anos precedentes à Guerra Civil Americana, e mostra a derrocada de uma importante e rica família da cidade. Tudo começa com o romance discreto entre a criada crioula Lea Mariotte e o seu jovem patrão George Brissac, um burguês amoral que planeia herdar a fortuna de um tio e casar com uma jovem de boa família. Após um incidente em que ela mata um homem, é salva da forca por Fabian, capitão de um navio, com razões pessoais para hostilizar os Brissac. Ele cuida dela e apaixona-se por ela, mas não lho diz. Ela, por sua vez, aproveita as oportunidades para voltar para os braços do seu amante Brissac, forçando-o a casar-se com ela após tê-lo visto assassinar o próprio tio. Claro, ela é uma mulher esperta e ambiciosa, e nenhum dos homens percebeu isso.

O roteiro tem alguns aspectos bons, mas no geral é muito fraco. A ideia base é boa: uma mulher ardilosa, que vai utilizando de várias artimanhas para conseguir chegar onde quer, subindo uma árdua escada social ditada pelo dinheiro e prestígio familiar. A construção das personagens também funciona decentemente: as três personagens centrais (Lea, George e Fabian) são ricas e psicologicamente elaboradas. Mas as virtudes do texto de Flynn acabam aqui. A sua escrita é excessivamente errática, falhando em criar um fio lógico uniforme. Por exemplo, não faz sentido que Lea volte para George após ele, por medo de se acusar, quase a ter deixado ser enforcada, e faz menos sentido ainda ela se dizer tão apaixonada por Fabian. As atitudes deste também não têm lógica: nunca entendemos o motivo pelo qual ele tem raiva dos Brissac, ou a razão pela qual compra a taberna.

O elenco apresenta nomes bastante conhecidos. Pessoalmente, penso que Micheline Presle é a actriz que mais merece aplausos aqui, com uma interpretação bastante consistente e intensa da personagem dela. Além disso, ela tem um agradável sotaque francês que cai bem num filme que se ambienta numa antiga colónia francesa como a Luisiana. Vincent Price também faz uma boa performance dramática, embora relativamente contida. Agnes Moorehead quase não aparece em cena. Quanto a Flynn… se ele tinha ideia de ser o protagonista, acabou por se transformar, na prática, num mero actor secundário do seu próprio filme.

Tecnicamente, o filme conta com uma cinematografia bastante regular e alguns cenários bons. Os figurinos são igualmente interessantes, mesmo não sendo realmente notáveis. O trabalho de caracterização é medíocre, todavia, e além de algum fogo e explosões, não há grandes efeitos a ter em consideração. A banda sonora também é muito fraca e o título do filme é erróneo.