Assim é o Amor (2011)

Filipe Manuel Neto tarafından n 6, 2022 tarihinde yazılmıştır.

O filme funciona bem, mas há alguns detalhes na história contada que, para mim, fazem pouco sentido. Lamento.

Geralmente, eu não gosto muito de filmes demasiadamente apologéticos, isto é, que usem do cinema para perpassar e defender causas, ideias políticas, movimentos sociais. Uma coisa é isso ser parte da trama de um filme, e outra coisa é fazer um filme para a sua defesa/publicidade. E quando eu comecei a ver este filme, fiquei realmente com medo de encontrar apenas mais um filme em defesa do lobby ‘gay’ e das suas bandeiras sociais e políticas.

Bem, agora que eu terminei, fico aliviado por os meus receios não terem passado disso mesmo. O filme tem um roteiro bastante regular, que procura contar uma história interessante, focada na forma como um homem começa um relacionamento muito apaixonado com uma francesa encantadora que acabou de conhecer. Ele estava muito abatido e deprimido por causa da morte recente do pai e, ao mesmo tempo que o filme nos conta a forma como o casal evolui na nova relação amorosa, conta-nos também como foi, nos últimos tempos, a relação daquele filho com o seu pai que, pouco tempo após enviuvar, resolve contar ao seu filho que está doente e vai morrer de cancro e, além disso, que apesar de ter sido casado e ser pai, foi homossexual às escondidas toda a vida, sofrendo à custa do segredo e tendo um namorado.

O ponto forte do filme é não só o dramatismo da história contada (eu confesso que nunca senti que fosse uma comédia, como alguns dizem, apesar de ter escassos momentos engraçados pelo meio), mas também a forma original com que ela nos vai sendo contada, entre avanços e recuos temporais, e de uma forma bastante visual, com recurso a fotografias e a um estilo narrativo de efeito muito visual e interessante. Há certos momentos em que eu senti que o narrador (o filho) estava realmente a apresentar slides ao público, que somos nós. E com isto, senti que Mike Mills, o director, arriscou um pouco, mas foi um risco calculado e que saiu muito bem. Infelizmente, eu senti que a sub-trama homossexual não é tão credível. Simplesmente não consigo conceber como um homem tão doente e idoso iria manter uma relação amorosa com alguém que é quase da idade do seu filho. Não é uma situação em que consiga acreditar… não por ser uma relação homossexual… mas simplesmente pela diferença de idades e pela situação de saúde.

Além da boa história e da forma elegante como é contada, o filme traz-nos um elenco luxuoso de grandes actores, com destaque evidente para o veterano Christopher Plummer, que nos dá o retracto comovente e extremamente digno daquele pai. Ao seu lado, e igualmente impactante e poderoso, Ewan McGregor, num dos trabalhos mais fortes que me recordo de o ter visto fazer. E isto não é dizer pouco, pois nós sabemos que McGregor é um grande actor e já nos provou o que pode fazer em outras ocasiões. Melanie Laurent, acabada de sair de Sacanas Sem Lei, tem aqui mais um trabalho excelente, muito embora a personagem dela não seja tão notável e interessante quanto os dois protagonistas masculinos. Goran Visnjic, infelizmente, tem o papel mais ingrato. Eu senti que ele está realmente a mais no filme.

Tecnicamente, o filme é discreto, mas eficaz, e aposta muito numa cinematografia interessante e bem trabalhada, com recursos visuais que conseguimos apreciar à medida que o filme se vai desenrolando. A edição é boa, o ritmo é agradável, e os cenários e figurinos estão dentro do que podíamos esperar encontrar. A banda sonora não sobressai nem se destaca.