Dumbo (1941)

Escrita por Filipe Manuel Neto em 13 fevereiro 2022

Um filme animado cheio de qualidade, apesar de, para mim, estar longe de ser dos melhores da Disney.

Pessoalmente, e apesar de reconhecer a legião de admiradores e apreciadores, este é um dos filmes clássicos da Disney que menos aprecio. Não sei bem porquê. Enquanto criança, eu podia tê-lo visto se quisesse, mas nunca me atraiu e tampouco me encantou quando o vi já em adulto. Talvez por ser ambientado num circo (eu detesto o circo, sempre detestei). Porém, reconheço que é um trabalho de qualidade, ainda que não seja tão primoroso e detalhado quanto outros filmes do mesmo período. Após alguma leitura, descobri que o filme foi lançado numa época em que o estúdio precisava de realizar um encaixe financeiro, após os fracassos de bilheteira de Pinóquio e Fantasia. É por isso que o filme é menos bonito, tem animações mais simples e baratas. E curiosamente, foi um grande sucesso, não obstante eu sentir que, actualmente, está um pouco esquecido.

A história do filme é muito simples. Tão simples que quase não aguenta uma longa-metragem! Tudo começa com o nascimento de um elefante bebé, trazido por uma cegonha até uma mãe elefante, visivelmente emocionada. Tudo parece perfeito, mas o pequeno bebé espirra e as suas orelhas assumem imediatamente um tamanho desmesuradamente grande, transformando o bebé numa criatura estranha e que é alvo da troça de todos. As coisas pioram ainda mais quando a sua mãe é presa e separada dele por o tentar defender. Triste, só e sem amigos, transformado no palhaço do circo, ele terá de confiar num pequeno rato para descobrir como dar a volta por cima e conquistar o seu lugar e o respeito de todos.

O filme é bastante mais curto do que a maioria dos filmes Disney, e ainda bem, porque como se vê não tem um roteiro forte o bastante para aguentar muito mais tempo. O filme arrasta-se e faz várias pausas musicais de modo a conseguir durar, pelo menos, uma hora, e há uma série de canções que parecem verdadeiros parêntesis, ou intervalos, na história contada. Isso acontece com a canção ternurenta Baby Mine, em que Dumbo é carinhosamente aconchegado pela sua mãe aprisionada, e com a cena onírica dos elefantes cor-de-rosa, que nos brinda com um visual psicadélico e frenético que só volta a surgir na arte cinematográfica várias décadas depois. Entre pausas e avanços, a história funciona satisfatoriamente e dá azo a uma boa banda sonora cheia de canções de qualidade.

Como eu já tive ocasião de mencionar, a qualidade visual das animações deste filme está longe de ser o melhor já feito pelos estúdios de Walt Disney. Apreciei a suavidade das cores e da luz, mas o traço é bastante esbatido e desmaiado e não temos desenhos tão detalhados e ricos em pormenores como vimos em filmes anteriores e posteriores. Apesar de a personagem título ser muda, comunicando as suas emoções e pensamentos por linguagem não-verbal, o filme conta com um bom elenco de vozes onde pontificam Sterling Holloway, Edward Brophy, Verna Felton, Cliff Edward, Herman Bing, Dorothy Scott e Sarah Selby, entre outros.