Wolverine (2013)

Skrevet av Filipe Manuel Neto den 19 Desember 2020

Wolverine, Japão, espadas samurai e muita acção cansativa.

Este filme é um spin-off baseado na personagem de Logan, vulgo Wolverine, um dos elementos dos X-Men, e parece vir mais ou menos no seguimento de X-Men Origens: Wolverine, dando a esta personagem de banda-desenhada um peso e carisma que outras personagens como Storm ou o próprio Professor X, parecem não possuir, muito embora eu considere, por exemplo, que o Professor é muito mais rico e psicologicamente interessante do que Logan.

Neste filme, Logan é levado para uma viagem até Tóquio de modo a despedir-se de um amigo que salvou aquando da explosão da bomba atómica sobre Nagasáqui, e que agora está a morrer. Ele é milionário, construiu um império tecnológico e vai deixar tudo à sua neta, que está ameaçada de morte pela Yakuza, a máfia japonesa. Claro, Logan vai ter de a proteger, e no meio de tudo isso vai descobrir a verdade sobre a sua presença no país do Sol-Nascente.

Pessoalmente, não me senti particularmente envolvido pelo filme ou pela história contada, que parece muito uma daquelas sequelas onde aproveitam uma personagem notável pelo carisma e simplesmente a colocam num local ou contexto em que ainda não apareceu em filme nenhum. O filme é um pouco longo demais para a história contada, teria sido interessante cortar-lhe uns trinta minutos de modo a torná-lo mais leve, e a sensação com que se fica é que tudo é apenas um pretexto para as cenas de acção, onde Wolverine vai fatiando coisas e retalhando japoneses com a facilidade com que eu corto salsichas no pequeno-almoço.

O elenco é liderado pelo inevitável Hugh Jackman, de volta à personagem que o imortalizou para a maioria do público, e que ele interpreta sem surpresas. Não vi nada que não tivesse visto já no extenso rol de filmes da franquia X-Men e o actor parece estar simplesmente a ganhar dinheiro. Nada contra, eu também ganho o meu honestamente, mas falta talento e empenho aqui. Bem mais interessante foi o desempenho de Rila Fukushima, impecável nas cenas de acção e que foi imparável com uma katana nas mãos. Tao Okamoto é linda e ficou muito bem no filme, assim como Hiroyuki Sanada, que mostrou ter mais talento do que o que conseguiu revelar. O veterano Hal Yamanouchi foi também uma adição muito boa ao elenco nipónico, e foi muito agradável ouvir falar japonês em lugar do omnipresente inglês dos EUA a que estamos habituados. Afinal, se a história decorre no Japão e com personagens japonesas, qual a lógica de falar somente inglês?

Tecnicamente, penso que é um filme pouco interessante. Boa parte das cenas de acção decorre em piloto automático, com lutas altamente coreografadas e sem pinga de sangue, como se fosse um bailado. A certo ponto, senti-me sonolento com tanta dança. A cinematografia não nos traz nada de verdadeiramente surpreendente. Os cenários e figurinos, apesar de serem basicamente o que poderíamos esperar, com muitos quimonos e casas tradicionais, a par com arranha-céus e comboios velozes, brindam-nos ocasionalmente com pequenas pérolas. Gostei especialmente do fato robótico de adamâncio que surge no final.