X-Men: Primeira Classe (2011)

Escrita por Filipe Manuel Neto em 4 outubro 2020

Uma boa prequela.

Não estou muito acostumado a filmes que tenham por tema personagens do universo da banda desenhada, mas a qualidade e o impacto que alguns têm tido torna-os visita obrigatória. Assim, e mesmo sem conhecer muito acerca das personagens ou das suas histórias ficcionais, decidi ver os filmes da franquia X-Men. Essa decisão foi seguida de alguma leitura acerca das personagens e dos filmes. Procurei seguir mais ou menos a sequência cronológica dos acontecimentos começando pelas prequelas, a fim de melhor compreender o que estava a ver. Assim, este filme não foi dos primeiro a ser lançado mas é um dos que se debruça sobre as origens do grupo.

Neste filme é revelada a forma como o jovem Charles Xavier, ainda associado a Erik (futuro Magneto) começa a tentar auxiliar, ensinar e treinar outros mutantes, formando os X-Men originais. É um filme que nos conta muito acerca do nascimento do universo X-Men e é particularmente importante para compreender os outros, eu penso. Não sou um conhecedor do universo Marvel para dar uma opinião mais fundamentada acerca disto, ou de como este filme espelha ou reescreve a história ficcional das personagens, mas admito diferenças entre o filme e a banda-desenhada original.

Pessoalmente, gostei do trabalho geral do roteiro: cada personagem tem o seu tempo para se desenvolver, umas mais do que outras conforme a relevância para a história contada, mas não senti que houvessem personagens a mais ou deixadas de lado. O filme também conta com bons diálogos e nota-se que foi dado bom material escrito para os actores trabalharem. O filme tem um ritmo agradável, desenvolve-se bastante bem e vai crescendo em interesse e em intensidade até ao final. Por outro lado, o filme peca por ser imaginativo demais, às vezes, e a sequência final, apesar de épica, parece muito inacreditável.

Quanto ao elenco, o filme conta com a participação de diversos actores de renome que vêm acrescentar os seus nomes à lista de notáveis actores que deram vida a personagens Marvel: o destaque, para mim, vai para James McAvoy e Michael Fassbender, responsáveis por dar vida às personagens de Xavier e Erik. A forma como cada actor aborda a sua personagem é muito interessante, sendo que ambos parecem duas faces de uma mesma moeda: McAvoy dá-nos um Xavier altamente inteligente, idealista e motivado, ao passo que Fassbender entrega-nos um Erik cauteloso, desconfiado, desencantado com a humanidade e descrente da bondade humana. Kevin Bacon é outro actor que merece uma nota altamente positiva ao dar-nos o vilão, Shaw. Bacon é um daqueles actores que parece talhado para dar vida a grandes vilões e não desilude aqui. Jennifer Lawrence não se saiu tão bem: apesar de ser elegante e bonita, e de conseguir um desempenho positivo, pegou numa personagem que está permanentemente na sombra e raramente tem tempo para se mostrar. Isso é injusto, dado que ela tem um papel importante no desenvolvimento da trama. Sem espaço para mais, a actriz fez o que podia.

Tecnicamente, é um filme que se destaca pela alta qualidade dos efeitos visuais e CGI, e pela intensidade e grandiosidade das cenas de acção e de luta. É claramente visível onde foi gasto o dinheiro do orçamento. Também este filme se sente, por vezes, como um jogo de vídeo e não como algo real, mas a qualidade do que nos é oferecido é tão boa que não é difícil esquecer isso e deixarmo-nos levar. O filme tem ainda uma boa cinematografia e faz bom uso da cor, da luz e sombra. Bem feito e bem editado, também conta com bons cenários e figurinos, que souberam recriar relativamente bem os anos Sessenta, e eu creio que é justo saudar também o departamento de maquilhagem.