Blade II (2002)

Written by Filipe Manuel Neto on August 9, 2020

Sangue, testosterona, fogo e porrada… o retorno.

Estamos perante mais um filme da trilogia Blade, planeada e pensada para jovens adultos sedentos de acção, de lutas mais coreografadas que o ballet e de litros de sangue falso que espirram por toda a parte. Este filme, ao invés de trazer algo novo, limita-se a repetir mais ou menos a mesma receita do seu antecessor directo, que foi um sucesso de bilheteiras. Vale a pena ver, se não quisermos um filme elaborado ou profundo mas tão somente passar o tempo.

O roteiro deste filme é mais simples, a meu ver, que o utilizado no primeiro filme da trilogia. Aqui já conhecemos as personagens, não há necessidade de apresentações e a sensação de superficialidade que já havíamos mencionado no primeiro filme acentua-se. Aqui, Blade é chamado pelos chefes da comunidade vampira que resolvem propor uma trégua, na condição de ele os auxiliar a caçar uma nova estirpe de vampiros, fruto de uma evolução ou mutação genética. Esta nova estirpe tem um líder que é o mais poderoso e resistente deles. O problema é que os novos vampiros, ao invés de se alimentarem de sangue humano, estão a matar outros vampiros também e são uma ameaça imediata, quer aos humanos, quer aos vampiros. Dos três filmes da trilogia este é o mais científico e aquele onde a questão do “vírus vampiro” é mais esmiuçada. Claro está que o filme guarda algumas reviravoltas, há aliados que não são de confiança e inimigos que, afinal, nem são tão perigosos. Os diálogos continuam a ser bastante pesados na sua linguagem, mas isso não me incomodou… acho que combina com o filme.

Uma coisa que penso que melhorou bastante neste filme, quando comparado ao seu imediato predecessor, foi o elenco e a sua performance. Wesley Snipes continua a parecer convincente no seu papel de "máquina de matar” e às vezes parece virtualmente indestrutível. Kris Kristofferson dá-nos uma personagem debilitada mas ainda cheia de presunção e o mesmo jeito durão de sempre. Norman Reedus parece bastante nerd, mas a personagem requeria isso e o actor foi bom ao perceber e agir de acordo. Ron Perlman é, a meu ver, o melhor actor do filme e foi muito bom na personagem que fez. Leonor Varela e Luke Goss também nos deram excelentes interpretações.

Tecnicamente, a aposta continua a ser nas cenas de acção e no uso de CGI e outros efeitos de alta qualidade. Temos lutas e mortes para todos os gostos, combates coreografados, frases cliché, efeitos em câmara lenta e sangue. Litros e litros de sangue falso como se fosse um jogo de computador. Os cenários e figurinos são bons, e além do impressionante figurino de Blade, vistoso e cheio de estilo, temos ainda os figurinos das equipas vampiras de combate, igualmente pretos e com adornos metálicos a remeter ao universo punk. Por falar nisso, temos de mencionar a banda sonora, carregada de música electrónica e de discoteca, bem ao gosto dos mais jovens.