Melhorias gerais em relação ao filme anterior.
Este filme foi baseado numa série de livros "best seller" acerca do romance entre um vampiro e uma jovem humana. Eu nunca li os livros (nem pretendo) para saber como eles são, e estou disposto a não falar acerca deles, mas se a história de amor de Edward e Bella era suposto ser épica, algo não resultou. Apesar disso, e tal como sucedeu ao primeiro filme desta tetralogia, este filme foi um campeão de bilheteiras, os adolescentes consumiram-no bem e o estúdio esfregou as mãos de satisfação.
A trama é fácil de resumir. Após compreender que Bella corria perigo junto dele, Edward deixa-a, desejando que ela o esqueça e viva uma vida normal. Mas ela cai em depressão e procura, por vários meios, pôr-se em risco na esperança de ele aparecer por meio de visões que ela tem sempre que está em perigo. Ao mesmo tempo, ela aproxima-se de Jake, que está apaixonado por ela e quer ter uma chance. Acontece que ele também muda: ele pertence a uma tribo de lobisomens e, de alguma forma, isso activa-se e ele começa a ser capaz de se transformar num lobo gigante. A partir daí, a animosidade entre ele e Edward cresce, dado que vampiros e lobisomens são inimigos naturais, e liga-se à competição pelo amor da jovem Bella.
Apesar da mudança de director, pouca coisa muda. Chris Weitz parece mais capaz como produtor do que como director. O filme vai-se desenrolando sem que nós nos sintamos ligados ao que estamos a ver. Com excepção de algumas cenas muito concretas, não há envolvência ou profundidade, tudo parece fútil e um amor profundo e dramático, capaz de transformar a vida de uma pessoa, acaba por parecer apenas uma paixoneta infantil. O final súbito do filme teria, penso eu, a intenção de provocar um "efeito wow" no público, mas em mim provocou apenas a sensação de que a parte final do filme foi cortada ou comida.
O que eu disse sobre os actores do primeiro filme aplica-se na perfeição a este. Houve alguns erros de casting que não ajudaram. Kristen Stewart é uma actriz fraca e sem presença ou expressão, e o mesmo se pode dizer de um maçante Robert Pattinson, que parece estar mais morto que a personagem dele. Ambos foram más escolhas de casting e o romance entre eles nunca convence pela absoluta falta de química. Apesar de tudo, comparando os dois filmes directamente, penso que Stewart aproveitou a experiência anterior e fez um trabalho mais bem conseguido aqui, o que pode ser resultado de algum espírito crítico e capacidade de encarar os erros e tentar fazer melhor. Melhor que eles, Taylor Lautner é mais intenso e palatável, e isso intensifica-se bastante aqui. Juntamente com Billy Burke e Ashley Greene, são as melhores interpretações do filme. Os Volturi conseguem parecer frios, calculistas e ameaçadores, especialmente Dakota Fanning, Jamie Campbell Bower e Christopher Heyerdahl. Michael Sheen parece educado, até aristocrático, mas assentou a personagem dele em mil estereótipos sobre vampiros nobres europeus e parece uma caricatura e não uma personagem credível.
Tecnicamente, o filme apresenta melhorias em relação ao anterior, talvez fruto de uma aposta financeira mais forte do estúdio. Os lobos de CGI são excelentes e são o recurso visual mais marcante e interessante. A banda sonora de Alexandre Desplat sobressaiu mais e isso vale a pena porque é um dos melhores apontamentos técnicos da tetralogia. A edição e o trabalho de pós produção foram sofríveis. Bons cenários, adereços, boas imagens de grande escala de paisagens frias e nebulosas e uma bela cidade de Volterra completam o trabalho técnico.
No geral, sinto que este filme representa uma melhoria ligeira em relação ao anterior. Continuamos perante uma história maçante, mas a introdução de personagens verdadeiramente ameaçadoras e o maior protagonismo dado a personagens mais emotivas e a actores capazes dá-lhe uma bolsa de ar respirável que o seu antecessor não tem.