A Saga Crepúsculo: Lua Nova (2009)

Escrita por Filipe Manuel Neto em 26 março 2020

Melhorias gerais em relação ao filme anterior.

Este filme foi baseado numa série de livros "best seller" acerca do romance entre um vampiro e uma jovem humana. Eu nunca li os livros (nem pretendo) para saber como eles são, e estou disposto a não falar acerca deles, mas se a história de amor de Edward e Bella era suposto ser épica, algo não resultou. Apesar disso, e tal como sucedeu ao primeiro filme desta tetralogia, este filme foi um campeão de bilheteiras, os adolescentes consumiram-no bem e o estúdio esfregou as mãos de satisfação.

A trama é fácil de resumir. Após compreender que Bella corria perigo junto dele, Edward deixa-a, desejando que ela o esqueça e viva uma vida normal. Mas ela cai em depressão e procura, por vários meios, pôr-se em risco na esperança de ele aparecer por meio de visões que ela tem sempre que está em perigo. Ao mesmo tempo, ela aproxima-se de Jake, que está apaixonado por ela e quer ter uma chance. Acontece que ele também muda: ele pertence a uma tribo de lobisomens e, de alguma forma, isso activa-se e ele começa a ser capaz de se transformar num lobo gigante. A partir daí, a animosidade entre ele e Edward cresce, dado que vampiros e lobisomens são inimigos naturais, e liga-se à competição pelo amor da jovem Bella.

Apesar da mudança de director, pouca coisa muda. Chris Weitz parece mais capaz como produtor do que como director. O filme vai-se desenrolando sem que nós nos sintamos ligados ao que estamos a ver. Com excepção de algumas cenas muito concretas, não há envolvência ou profundidade, tudo parece fútil e um amor profundo e dramático, capaz de transformar a vida de uma pessoa, acaba por parecer apenas uma paixoneta infantil. O final súbito do filme teria, penso eu, a intenção de provocar um "efeito wow" no público, mas em mim provocou apenas a sensação de que a parte final do filme foi cortada ou comida.

O que eu disse sobre os actores do primeiro filme aplica-se na perfeição a este. Houve alguns erros de casting que não ajudaram. Kristen Stewart é uma actriz fraca e sem presença ou expressão, e o mesmo se pode dizer de um maçante Robert Pattinson, que parece estar mais morto que a personagem dele. Ambos foram más escolhas de casting e o romance entre eles nunca convence pela absoluta falta de química. Apesar de tudo, comparando os dois filmes directamente, penso que Stewart aproveitou a experiência anterior e fez um trabalho mais bem conseguido aqui, o que pode ser resultado de algum espírito crítico e capacidade de encarar os erros e tentar fazer melhor. Melhor que eles, Taylor Lautner é mais intenso e palatável, e isso intensifica-se bastante aqui. Juntamente com Billy Burke e Ashley Greene, são as melhores interpretações do filme. Os Volturi conseguem parecer frios, calculistas e ameaçadores, especialmente Dakota Fanning, Jamie Campbell Bower e Christopher Heyerdahl. Michael Sheen parece educado, até aristocrático, mas assentou a personagem dele em mil estereótipos sobre vampiros nobres europeus e parece uma caricatura e não uma personagem credível.

Tecnicamente, o filme apresenta melhorias em relação ao anterior, talvez fruto de uma aposta financeira mais forte do estúdio. Os lobos de CGI são excelentes e são o recurso visual mais marcante e interessante. A banda sonora de Alexandre Desplat sobressaiu mais e isso vale a pena porque é um dos melhores apontamentos técnicos da tetralogia. A edição e o trabalho de pós produção foram sofríveis. Bons cenários, adereços, boas imagens de grande escala de paisagens frias e nebulosas e uma bela cidade de Volterra completam o trabalho técnico.

No geral, sinto que este filme representa uma melhoria ligeira em relação ao anterior. Continuamos perante uma história maçante, mas a introdução de personagens verdadeiramente ameaçadoras e o maior protagonismo dado a personagens mais emotivas e a actores capazes dá-lhe uma bolsa de ar respirável que o seu antecessor não tem.