Exame (2009)

Written by Filipe Manuel Neto on February 9, 2019

Entretém muito bem, mas não tem lógica nenhuma.

Confesso que achei este filme muito bom quando o vi pela primeira vez, e ainda hoje acho que é interessante e tem muita qualidade. Para um filme de baixo orçamento, com toda a acção restringida a um espaço fechado e com um número muito limitado de actores, o filme funcionou razoavelmente e tem capacidade para nos envolver e entreter.

O roteiro é simples: uma sala cinzenta e impessoal vai ser usada por uma grande multinacional para fazer os testes escritos conducentes à contratação de pessoal de topo, e oito candidatos irão sujeitar-se ao derradeiro exame, sob os olhos atentos de um vigilante e um guarda armado. Mas o início do exame revela uma surpresa: os formulários estão em branco, cabendo aos candidatos usar todos os meios disponíveis, sem quebrar as regras do próprio exame, para descobrir a pergunta e dar a respectiva resposta.

Uma das melhores coisas deste filme é o facto de toda a trama assentar num esforço de cooperação entre indivíduos que estão a competir entre si. A ideia é interessante, embora não seja algo novo no cinema. Há muito de psicológico neste filme, onde cada personagem irá revelar o melhor e o pior de si. O pequeno elenco fez bastante bem o seu trabalho, embora sem surpresas ou méritos extraordinários. Pessoalmente, gostei da prestação de Adar Beck, Chukwudi Iwuji e Luke Mably, tendo este último dado vida à personagem mais desagradável do filme, muito próxima de um vilão convencional.

O pior deste filme foi o desenvolvimento de algumas opções de roteiro, com detalhes inverosímeis e situações sem qualquer lógica. Por exemplo, o mistério em torno da empresa para a qual todos pareciam ávidos de trabalhar. Isso jamais aconteceria na vida real. Eu não enviaria um curriculum para uma empresa sem, antes, a conhecer minimamente, por mais apelativas que me parecessem as condições oferecidas. Outra situação bastante irracional acontece quando todos quebram as luzes de uma sala totalmente sem janelas. A não ser que eles soubessem que havia mais lâmpadas algures, isto é algo que só se deve fazer se o desejo for ficar totalmente às escuras. Ah, e ainda temos aquele momento em que, quase esquecendo totalmente que uma das regras do exame era não destruírem o formulário, que é feito de papel, todos decidem encharcar a sala disparando os aspersores de água do tecto, na esperança de que não fosse água o líquido que iria sair... O final do filme, depois disto tudo, acaba não sendo sequer uma surpresa.