Rei Arthur (2004)

Napsal uživatel Filipe Manuel Neto 12.05.2018

Um filme fraco, mas minimamente aceitável.

Este é mais um daqueles filmes sob o ditado popular "por trás de uma mentira há sempre um fundo de verdade": ao procurar reinventar uma história clássica, envereda pela busca da origem da personagem e da lenda arturiana, dando-lhe um novo ambiente e novas personagens que são, apenas aparentemente, mais realistas e historicamente precisos. É um risco alto mas calculado, porque se há um mito sobre o qual muitas alegadas origens são apontadas é a lenda do Rei Artur.

O filme é ambientado nos séculos finais do Império Romano e retrata o abandono da Grã-Bretanha e da Muralha de Adriano. Artur é transformado num cavaleiro contratado, que serve os romanos e tem o dever de proteger o bispo favorito de um papa (naquela época o cristianismo já era a religião oficial do império, embora o paganismo ainda prevalecesse nas ilhas) das incursões dos saxões. Obviamente que há erros históricos mais ou menos óbvios, mas isso não é tão evidente quanto a ausência de sentimento épico, num filme que tenta ser épico mas nunca é bem-sucedido. Há até algumas cenas que foram arruinadas por pequenos detalhes, como gritos de guerra incompreensíveis ou gritos em latim que nunca são traduzidos ou legendados e acabam ridículos.

Clive Owen é bom em cenas de acção mas não tem presença e carisma para a personagem. Os cavaleiros nunca são desenvolvidos individualmente, excepto Bors (Ray Winstone) e Dagonet (Ray Stevenson), embora geralmente sejam interpretados por actores talentosos, tornando-se personagens altamente secundários. Keira Knightley, uma actriz acostumada a filmes de época, deu vida a Guinevere, personagem que não sofre da mesma falta de desenvolvimento mas que foi mal pensada, excessivamente masculinizada, estereotipada e às vezes sexualizada, numa linha de desenvolvimento que destrói as tentativas posteriores para fazer credível o seu casamento com Arthur, que passa o filme todo sem qualquer química romântica com ela. O filme é lento e às vezes chato, mas eu lidei muito bem com isso.

Em conclusão: é um filme com uma história interessante, que entretém o público, mas que está longe de ser bom.