A Senhora da Água (2006)

Geschreven door Filipe Manuel Neto op 16 februari 2018

Um conto de fadas moderno.

M. Night Shyamalan é um realizador de extremos. Já vi filmes dele que adorei e considerei incríveis (Sexto Sentido) e filmes que, sinceramente, não sei onde raio ele tinha a cabeça quando decidiu que eram uma boa ideia (Sinais, A Vila). Ou oito, ou oitenta. Mas quase todos os filmes dele são esquisitos, na medida em que só ele se lembraria de os fazer. Ele gosta de filmes de fantasia, ou com motivos e elementos fantásticos, e eu não vejo mal nenhum. Até gosto. É como se este tipo de cinema nos voltasse a fazer recordar um pouco a infância que já lá vai. É algo saudável.

Neste caso concreto, o filme é sobre ninfas. Ou melhor, uma ninfa que decidiu ir tomar uma banhoca numa piscina de um condomínio, acabando por ser descoberta pelo zelador, que trata das partes comuns do edifício (seria uma espécie de administrador ou sindico ou qualquer coisa do tipo). A ninfa, Story, mudará a vida de todos os moradores, pois precisa de ajuda deles para cumprir uma missão e voltar ao mundo dela.

O elenco é bom, conta até com o próprio director, que faz uma das personagens secundárias. Mas quem domina são os dois actores principais, Bryce Dallas Howard e Paul Giamatti. Ele é um veterano, com muitos anos disto e que está careca de tanto saber o que é representar. Podemos contar com ele para boas interpretações, e a forma algo introspectiva com que ele deu vida ao tímido zelador foi bem conseguida e convincente. Howard eu ainda não sabia quem é, mas gostei do que vi. A actriz soube cair nas graças do público, fazer um personagem que apela ao lado emotivo, mostrar fragilidade sem parecer frágil. Junte os dois actores e tem cenas emocionantes, que chegam ao público muito bem se você se "abrir para o filme", lhe der uma hipótese.

Em suma, é um filme que vai soar lamechas a muita gente, mas tem uma história bonita, que soa como um conto de fadas moderno ou uma história infantil para adultos. Não será jamais o filme que mais gosto, mas vi-o sem me sentir arrependido ou ludibriado.