Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça (2016)

Escrita por Filipe Manuel Neto em 26 dezembro 2021

Um blockbuster com tudo o que os amantes deste tipo de filmes podem desejar, excepto uma história boa e inteligente.

Lançado no seguimento do filme Homem de Aço, o filme procura ser uma continuidade lógica da história desse filme, aproveitando uma relação de rivalidade criada entre o Super-Homem e o Batman. O filme é uma superprodução, um blockbuster caro e visualmente vistoso, com um elenco de luxo e dirigido por Zach Snyder, todavia nem sempre funciona bem, como veremos.

O filme tem muitos pontos de valor, mas o roteiro seguramente é um dos problemas mais sérios desta produção. Apreciei o esforço para tentar relacionar-se com o filme precedente, mas tudo o resto falha redondamente: no afã de tentar justificar as suas duas horas e meia de duração, este filme complica-se tanto quanto possível, com várias sub-tramas que não recebem atenção, uma catadupa de personagens e uma história central rebuscada, onde um jovem e perturbado Lex Luthor tenta voltar Batman e Super-Homem um contra o outro. De facto, fiquei com a ideia de que o filme podia ser reduzido para uma hora e meia de duração sem qualquer prejuízo.

O filme tem um elenco de luxo, liderado por dois nomes sonantes: Henry Cavill e Ben Affleck. A execução de ambos é, todavia, altamente dissonante: por um lado, Affleck dá-nos um dos mais completos e interessantes trabalhos da sua carreira recente, com grande empenho do actor e excelentes resultados… por outro lado, Cavill parece estar absolutamente fora da personagem, ou a fazer um esforço titânico para se encaixar nela, o que parece surreal tendo em conta o quão competente e hábil ele me pareceu com ela no filme precedente. Jeremy Irons, que dispensa apresentações e tem provas mais do que dadas nesta arte, provou ser impecável como Alfred, e Jesse Eisenberg rouba as nossas atenções sempre que aparece, na pele de um Lex Luthor especialmente maníaco e psicopata. Menos interessante é a participação de Amy Adams, que fez tudo o que podia, mas foi colocada num canto por um roteiro que não sabe realmente como aproveitá-la. Quase poderíamos dizer o mesmo de Gal Gadot, se não fosse a sua estonteante e impressionante aparição mais perto do final, no papel da Mulher-Maravilha. Laurence Fishburne é bom, mas senti que não havia nada aqui que ele não tivesse já mostrado no filme anterior.

Tecnicamente, o filme é um espectáculo visual assente num uso inteligente e hábil de todos os recursos de CGI e efeitos visuais colocados à disposição de Snyder. A cinematografia é muito boa e o trabalho de filmagem e de câmara funciona muito bem. O filme tem uma série de cenas de acção, com particular destaque para toda a sequência final, que dura cerca de meia hora e é um verdadeiro espectáculo de efeitos que fará as delícias dos amantes deste tipo de recursos. O filme conta ainda com bons figurinos e uma excelente banda sonora, assinada por Hans Zimmer.