Eragon (2006)

Written by Filipe Manuel Neto on September 30, 2018

Um final aberto e um mau protagonista estragam o filme.

Quando vi este filme fiquei um pouco pensativo. Lembra muito uma versão pirateada de "Senhor dos Anéis" ou algo parecido. Depois de alguma pesquisa, descobri que ele foi baseado nos livros de Christopher Paolini. De facto, depois de êxitos como "Harry Potter" ou "O Senhor dos Anéis", a literatura e o cinema encheram-se de fantasia. Por outro lado, os estúdios apostam tão alto nestes filmes que tentam forçar a realização de trilogias e franquias. Isto é bastante evidente neste filme, com o o seu final aberto a anunciar uma sequela nunca feita.

O roteiro é simples: uma terra mágica era governada por cavaleiros montados em dragões e tudo corria bem até que eles se corromperam, lutaram entre si e um deles traiu os outros, matando-os e tornando-se um ditador. Agora há um novo guerreiro no reino, o qual deve ser capaz de unir os resistentes e liderar uma revolta. Simples e previsível na maior parte do tempo, o filme nunca nos surpreende nem nos move. Na verdade, é geralmente vazio e insensível, com uma promessa de romance que nunca se materializa e a quase total ausência de emoções. Até mesmo as cenas de acção parecem tão irreais que nunca nos sentimos realmente em perigo (em parte porque não há muita empatia com as personagens, por isso nunca nos importamos com eles).

Ed Speleers é um estranho para mim e ainda muito jovem, pelo que não entendo por que não contrataram um actor mais experiente. Foi um erro de casting, com ele a nunca ser capaz de agarrar a personagem. Jeremy Irons é muito bom no seu papel e protagoniza algumas das melhores cenas do filme. Rachel Weisz foi competente na tarefa de dar voz ao dragão, Saphira. Por outro lado, John Malkovich parece-se muito com ele mesmo na vida real e Sienna Guillory não teve sorte com a personagem, cuja importância nunca saberemos porque o filme só o iria revelar na sequela. Acredito que as más opções de elenco e performances de baixa qualidade se devam ao material dado aos actores. Outro problema que senti foi a edição, que tornou o ritmo algo irregular, com muitos momentos mortos. As características técnicas, no entanto, compensam essas fraquezas: o bom CGI e a cinematografia colorida e brilhante são uma festa para os nossos olhos. A escolha dos cenários e o design dos figurinos foram criteriosos e tudo foi pensado nos mínimos detalhes. A banda sonora, sem ser incrível, funciona bem e se adapta ao que estamos a ver.

"Eragon" podia ter sido muito mais interessante se tivesse sido feito sem pensar em sequelas e com outro actor no papel principal. Apesar de ser esquecível e não merecer louvores, é regular o bastante para merecer ser visto uma vez.