O Rei dos Gazeteiros (1986)

Escrita por Filipe Manuel Neto em 16 janeiro 2022

Uma excelente comédia familiar com alguns anos, que foi injustamente esquecida.

Este filme é uma comédia leve e divertida que nos faz voltar aos tempos de escola. Afinal, quem nunca teve vontade de tirar um dia e simplesmente aproveitar a juventude? Penso que todos os adolescentes já sentiram esse desejo, e muitas vezes o fizeram, ou se fingiram de doentes para mais um dia para si mesmos. O que, seguramente, nunca terá acontecido é algo tão complexo e sofisticado como o que Ferris Bueller decidiu fazer.

O filme é divertido e recorre a um estilo de comédia de bom gosto, sem recursos baixos, apta a fazer as delícias de toda a família. John Hughes assegura uma direcção firme e inteligente, que guia o filme com habilidade, aliando bem uma história criativa e inteligente a um humor muito bem escrito e pensado.

O ainda jovem e pouco experiente Matthew Broderick faz um bom trabalho como protagonista e já mostra sinais do talento que irá desenvolver em trabalhos de maturidade. Ele soube dar à personagem um carisma forte, aliado a uma rebeldia e teimosia típicas de um adolescente que foi apaparicado demais. Mia Sara fez, igualmente, um trabalho competente, muito embora seja uma personagem mais cliché: ela é a namorada bonita e popular, que obviamente também é uma das chefes de claque da escola. Encontramos personagens como ela em virtualmente todas as comédias de adolescentes! Pessoalmente, não gostei muito de Alan Ruck. O actor é bom e faz o que pode, mas a personagem é irritante, cansativa com todas as suas lamúrias e queixumes de menino rico e mimado. Porém, não é apenas Broderick que faz o filme valer a pena: também o trabalho incrível de Jeffrey Jones merece um aplauso. Ele deu vida ao director da escola, que quer provar que aquele rapaz falta às aulas propositadamente, e à custa disso passa por uma série de situações hilariantes onde, obviamente, sofre duramente. É um trabalho incrível deste actor, que nos faz rir até ir às lágrimas.

Tecnicamente, é um filme que não tem grandes deméritos, mas também tem pouco que salte à vista e se destaque claramente: tem uma boa cinematografia, uma excelente banda sonora e uma série de diálogos espirituosos e bem escritos, mas tudo o resto fica dentro do padrão que se pode esperar de uma comédia dos anos 80.